Início 1985

A Quase-paróquia Nossa Senhora de Guadalupe

A extensa e numerosa paróquia de Nossa Senhora da Boa Morte não podia mais ser administrada por uma pessoa só. Por isso, em 1985, o Governo da Custódia das Sete Alegrias de Nossa Senhora dos Franciscanos no Mato Grosso do Sul resolveu dar um auxiliar a Frei Quirino Franz. OFM, nomeando como vigário paroquial a Frei Bernardo Dettling, OFM, que até então foi pároco de Santo Antônio do Leverger.

Território da nova Quase-paróquia

Na mesma ocasião, já se demarcaram os seus limites. Passaram a pertencer à quase-paróquia os Bairros Despraiado, Santa Helena, Ribeirão do Lipa, jardim Santa Marta, Morada do Sol e grande parte dos bairros Duque de Caxias e Quilombo.

Na região da nova quase-paróquia, existiam antigamente os Bairros Quilombo e Quilombinho. Foram assim chamados porque aí se refugiam os escravos fugidos das minas. No Quilombo existia a “Cruz de Xílon”. Segundo a tradição, aí foi assassinado um escravo inocente. Ele era muito querido e respeitado pelos seus irmãos de raça também por alguns brancos mais humanizados. A primeira cruz fora erguida pelos escravos próprios. Mais tarde, todos os anos, em setembro, era celebrada ao pé da cruz uma santa Missa. Com a urbanização, uma cruz primitiva foi derrubada. Os moradores do lugar, porém, insistiram tanto que a Prefeitura ergueu, no mesmo local, uma cruz de ferro e fez em volta dela uma pequena praça com bancos.

Ao ser criada, já existiam no território da quase-paróquia várias capelas. A mais antiga era a de São Francisco das Chagas no Bairro Duque de Caxias onde também foi construída um salão e uma residência franciscana. Não Ribeirão da Ponte havia uma capela de Santa Isabel da Hungria com uma casa de moradia para as Irmãs Missionárias do Santíssimo Nome de Maria. A terceira capela funcionava no despraiado.

Pensou-se em fazer a sede da quase-paróquia na capela S. Francisco das Chagas, mas se viu que distava apenas 1200 metros da igreja e Nossa Senhora Mãe dos Homens. Escolheu-se, então, a capela do Despraiado porque ficava na periferia e a cidade estava se desenvolvendo mais para aquela parte e nos Bairros do Ribeirão da Ponte, Ribeirão do Lipa e Santa Marta. Nos anos de 1960, chegaram os primeiros moradores ao vale do Despraiado e construíram seus barracos ao longo do córrego onde havia, naquele tempo, água cristalina. Prevendo um aglomerado de gente, o vigário de Nossa Senhora da Boa Morte, Frei Frederico Mies, OFM, construiu aí uma capela-escola, onde, em 1968, denomin as aulas, dadas por uma professora paga pelos frades.Em 1971, o prédio foi alugado ao Estado que acrescentou ainda um prédio pré-fabricado com três salas, em que funcionava uma Escola Estadual. Com download em 1985, toda a construção foi devolvida à paróquia. A antiga capela-escola foi transformada na residência dos fredes, com um escritório paroquial e quatro quartos para hóspedes. A casa pré-fabricada transformou-se na Matriz provisória.

Toda paróquia precisa de um padroeiro. Resolveu-se que o próprio povo, através de uma eleição, escolhida o padroeiro da quase-paróquia. Foram obtidos dez candidatos “. Depois que Dom Bonifácio Piccinini aprovou os nomes, foi marcado o dia da eleição. Um bom paroquiano na hora da eleição pediu um esclarecimento: “Frei, na célula tem três vezes o nome de“ Nossa Senhora ”. Me diga qual das três faz mais milagres ”. Tudo esclarecido, realizou-se uma eleição. Por fim, saiu vitoriosa na eleição “Nossa Senhora de Guadalupe”, a Mãe Morena ”da América Latina.

A inauguração da nova quase-paróquia, sob o título de Nossa Senhora de Guadalupe, aconteceu aos 31 de maio de 1986, com a presença do Arcebispo de Cuiabá, Dom Bonifácio Piccinini, grande parte do clero cuiabano, frades franciscanos e grande multidão de fiéis . Na mesma oportunidade, foi empossada o novo quase-pároco Frei Bernardo Dettling, OFM.
 

No começo, as condições da quase-paróquia para uma boa pastoral eram mais que precárias. A capela provisória comportava, no máximo, 150 pessoas. Uma única sala para catequese tinha lugar, apenas, para 38 crianças. No tempo de seca se podia dar uma preparação para a Primeira Eucaristia e Crisma ao ar livre. E no tempo de chuva? No final de 1986, já se nasceu matriculado 78 jovens para a Crisma, sem falar das matrículas de primeira Eucaristia. Faltava uma casa, um templo condigno para que Nossa Senhora pudesse exercer uma missão de Evangelizadora e atender ao povo. No México, através dos séculos, foram construídos templos cada vez maiores conforme necessidade, será que no Despraiado não estava na hora de também construir uma igreja maior?Frei Bernardo Dettling, OFM, animado pelos paroquianos entrou em contato com o Sr. Sérgio Cristóvão, arquiteto da Arquidiocese de São Paulo. Respeitando o fato de que o terreno da Missão Franciscana no Despraiado era pequeno demais e até inclinado, Frei Bernardo propôs uma construção com dois pisos. No primeiro, haveria o salão paroquial com uma pequena cozinha e três salas de catequese, com seus respectivos banheiros. No segundo piso, ficaria a Igreja-matriz com lugar para 400 a 500 pessoas. O pároco desejava uma construção redonda, de forma hexagonal ou octogonal, um fim de toda a comunidade ao redor do altar, o que permitir uma boa participação durante a liturgia por parte dos paroquianos.Infelizmente, o Sr. Sérgio rejeitou a idéia porque o primeiro piso não batia com tal construção. O projeto do Sr. Sérgio era moderno, bonito, mas pouco sacro. Parecia, de um certo ponto de vista, mais um clube qualquer. E, por isso, Frei Bernardo modificou, como quais o arquiteto não estava previsto a fazer. Em 1987, Frei Bernardo, férias em férias na Alemanha, visita um amigo de juventude que se tornara um arquiteto de fama em Essen, o Sr. Hans S. Amen. Apresentando-lhe o projeto do arquiteto paulistano, pediu uma modificação para o aspecto mais sacro. Não querendo fazer modificações no projeto do colega, o Sr. Amen colocado-se à disposição para elaborar um novo projeto.Também ele rejeitou a idéia de uma construção redonda porque não combinava com as salas embaixo da igreja. Ao se despedir de Frei Bernardo que empreendia a viagem de volta ao Brasil, no aeroporto, o Sr. Amen entregou-lhe um maquete do novo projeto. O novo projeto agradou bem mais. Na sua vida, desde o jardim de infância, o arquiteto Amen é grato à Igreja e seria uma grande satisfação para ele construir uma igreja. Queria assim retribuir com seu trabalho as graças da igreja. O Conselho Paroquial, na sua sessão de 11 de março de 1988, aprova o projeto do Sr. Hans S. Amen. Também o Arcebispo de Cuiabá Dom Bonifácio Piccinini o aprovou. Com o alvará de licença da Prefeitura para a construção, iniciaram-se finalmente as obras.Os responsáveis ​​pela construção do “Centro Paroquial N. Sra. de Guadalupe ”foram os seguintes: Engenheira Regina Celis Barros Nince, os Arquitetos Sr. José Afonso Portocarrero e Hans S. Amen, o Mestre de obras Frei Hugo Lang, OFM, e o Pároco Frei Bernardo Dettling, OFM. Frei Pedro Knob, OFM. Com o alvará de licença da Prefeitura para a construção, iniciaram-se finalmente as obras. Os responsáveis ​​pela construção do “Centro Paroquial N. Sra. de Guadalupe ”foram os seguintes: Engenheira Regina Celis Barros Nince, os Arquitetos Sr. José Afonso Portocarrero e Hans S. Amen, o Mestre de obras Frei Hugo Lang, OFM, e o Pároco Frei Bernardo Dettling, OFM. Frei Pedro Knob, OFM.Com o alvará de licença da Prefeitura para a construção, iniciaram-se finalmente as obras. Os responsáveis ​​pela construção do “Centro Paroquial N. Sra. de Guadalupe ”foram os seguintes: Engenheira Regina Celis Barros Nince, os Arquitetos Sr. José Afonso Portocarrero e Hans S. Amen, o Mestre de obras Frei Hugo Lang, OFM, e o Pároco Frei Bernardo Dettling, OFM. Frei Pedro Knob, OFM.

A Igreja (Centro Paroquial) Nossa Senhora de Guadalupe está no eixo Norte-Leste/Sul-Oeste, paralelamente à Av. Afonso Pena, num terreno elevado. Aproveitou-se a topografia do lugar (terreno relativamente pequeno e inclinado) para uma construção em dois pisos. No primeiro piso, encontram-se as instalações pastorais e sociais e no segundo piso, fica a Igreja com lugar para 500 pessoas. Infelizmente, uma construção redonda, de forma hexagonal, ou octagonal, que deixaria os fiéis mais perto do altar, não era possível: O primeiro piso não bateria com essa tal construção. Área da Igreja devem ser centros da comunidade. A Igreja Nossa Senhora de Guadalupe ergueu sua torre 48,50 metros para o céu. Na composição das diversas partes da construção – conforme as exigências das funções – usaram-se fundamentalmente formas simbólicas. A planta baixa da nave tem a forma dum navio, lembrando-nos o “barco de São Pedro”, a Igreja, que enfrenta temporais e tempestades, mas tem do Senhor a garantia de não se afundar (cf. Mt 16,18). O telhado, com seu ângulo agudo de inclinação, simboliza a tenda de Deus no meio dos homens (cf. Jo 1,14). A torre é, em qualquer relação (planta baixa, vistas, cortes), um triângulo, símbolo da Santíssima Trindade. Ele desemboca numa cruz de 8 metros cujos 5 luminares podem nos lembrar tanto do Cruzeiro do Sul, como das 5 Chagas de Cristo. A nave da Igreja mede 35 metros de entrada principal até o altar e sua maior largura é de 22 metros. Todas as linhas convergem para o altar. Este consiste de granito maciço proveniente da região de Cuiabá (Serra de São Vicente). Sua mesa, de 2 por 1 metro e com uma espessura de vinte centímetros, fixa-se sobre dois pés do mesmo material deixando transparecer algo da firmeza e constância de Deus. As paredes centrais, de cor de marfim, têm 3 metros de altura. Em cima, passa uma faixa de janelas, nas quais está executada, pela firma Arte Sul, de São Paulo, uma via-sacra. Aproximando-se ao altar, estas paredes se levantam até 12m. de altura e encontram-se com o teto de madeira, que, por sua vez, é sustentado por 12 colunas, o número de apóstolos. Estas colunas encontram-se numa altura entre 12 e 22 metros, formando assim pórticos. Cinco destes pórticos são feitos de lâmina coladas (madeira) pela firma Esmara de Porto Alegre – RS. O sexto pórtico, de 20m. de altura, que dá firmeza e apoio a toda estrutura de madeira, foi executado de concreto armado. Na parte de trás do presbitério, encontra-se a sacristia, em cima dela uma salinha, onde os ajudantes de Missa (coroinhas) se preparam para a celebração da Eucaristia. O presbitério é bem iluminado por luz indireta dos dois lados, e da parte superior. Assim, esta área, com o altar no meio, é ainda mais acentuada como ponto central da Igreja. Ao lado esquerdo da nave existe um confessionário embutido. Quando as pessoas caminham da entrada principal ou do batistério para o altar, à mesa do Senhor, passam por ele, podendo reconciliar-se com Deus. Há possibilidade de confessar de modo tradicional, assim como através de uma conversa, sentado numa mesinha, com o central da Igreja. A entrada lateral (oeste) da Igreja não tem nenhum degrau, possibilitando assim o acesso de pessoas em cadeira de rodas. Deste lado existe, em anexo, uma capela, própria para ser nela celebrada a liturgia com uma pequena comunidade. Também é um lugar que convida para a meditação pessoal. Nos vitrais laterais da capela estão simbolizadas, de modo singular, as Sete Alegrias de Nossa Senhora, às quais é dedicada a Missão Franciscana em Mato Grosso. O batistério encontra-se numa pequena torre ao lado esquerdo da entrada principal. Esta torre tem do lado de fora uma porta. Quem quer entrar, somente precisa abrir esta porta: Pelo batista e pela fé se chega à comunidade dos fiéis. Na celebração do batismo, os pais e padrinhos ficam em volta da pia batismal, em cujo centro se ergue o Círio Pascal. Os demais participantes se reúnem no patamar ou na escada que leva para a parte de cima da Igreja. Após o batismo, todo o grupo pode subir para a Igreja e consagrar o batizado à Nossa Senhora e ver os pais recebendo a bênção especial do padre. No batistério, foi prevista a plantação de uma videira, que, por u,a janelinha em cima, cresce para fora, simbolizando assim a vida do autêntico cristão, que começa no batismo, mas deve testemunhar sua fé no mundo afora. Também é uma boa lembrança da palavra de Jesus: “Eu sou a videira, vós os ramos. O que permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto…” (cf. Jo 15,5). Infelizmente, as condições climáticas não deixaram crescer a videira. O subterrâneo da Igreja serve para a catequese, cursos, encontros e festas. O salão paroquial, oferecendo lugar para 350 pessoas sentadas, tem um palco para peças teatrais. Três salas para catequese, com lugar para 35 pessoas cada, bem como uma sala para pastoral social, encontram-se neste 1º piso, com acesso próprio. Naturalmente, não faltam uma pequena cozinha, bar e toaletes. Assim, foram criadas as condições para que os diversos grupos desta vasta paróquia se reunissem com mais facilidade, seja para a própria formação humana ou religiosa, seja para o divertimento ou colóquios. Na medida do possível, as instalações de centro estarão à disposição para eventos culturais de nossos bairros. Queria que Nossa Senhora de Guadalupe atraia muitas pessoas, não somente para admirar a arquitetura moderna e simpática da Igreja, mas principalmente para orar e meditar, levando os devotos ao seu Filho Jeus Cristo. Frei Bernardo Dettling, OFM.

A proposta de criar uma Via-Sacra em vitral para a Quase-Paróquia N. S. de Guadalupe – Cuiabá-MT, pareceu-me inicialmente bastante árdua, pois não deveria ter figura, teria que ser feito somente com mãos. Ao pesquisar descobri que já existiam trabalhos com esta mesma proposta e pensei que não seria possível existir muitas variações sobre a expressão das mãos para conseguir transmitir a emoção e a dor de cada estação. Mas, enganava-me, porque lendo e relendo as meditações escritas sobre cada estação, sentindo por vezes a dor quase física de Nosso Senhor e de sua Santíssima Mãe, comecei sem saber um processo de expressão pessoal que passou para os vidros coloridos toda a emoção de recriar uma Via-Sacra. Pensei, durante o processo de criação, que trabalhar em Arte Sacra era um privilégio que acreditava não merecer por sentir-me impotente diante da magnitude do tema e pobre ou simples demais nos meus recursos de criação. Mas o privilégio mesmo foi poder trabalhar nesta temática que envolveu-me inevitavelmente em um crescimento espiritual sofrido e contínuo, mesmo porque nada se cria sem fé, sem acreditar no tema e é isso que nos transforma em instrumentos de Deus, apesar das nossas limitações. As mãos de cristo, condenadas, caídas, resignadas ou sofridas, estão sempre nos tons que variam do lilás azulado até o roxo, com exceção das estações XI, XII e XIII nas quais o vermelho entra como um alerta para a dor da consumação do sacrifício e da violência que significa crucificar um Homem que pregou e ensinou o Amor. As mãos em âmbar amarelo, que aparecem na IV, V, VI, VIII e X estação, são as mãos que o acodem no seu caminho para o Calvário, sendo primeiro a Mãe, na IV estação, cuja mão-luz de amarelo claro tenta aconchegar o Filho que sofre. Logo seguem Simão Cirineu, Verônica e as mulheres de Jerusalém. Na X estação, o amarelo nas mãos que despem significou para mim a última ajuda antes do sacrifício total. O âmbar amarelo nestas mãos propõem a luz do sol, o calor humano, a ajuda, o gesto solidário para quem está no caminho final. Na XV estação são as mãos de Cristo que se transfiguram em luz de amarelos, como esperança da nova Vida que surge com sua Ressurreição. Margarita Roman Pons.

Os vitrais das 7 Alegrias, na Capela anexa, tem como esquema central as cores do arco-íris que sugerem uma alegria quase infantil no seu contraste e simplicidade. O jogo de azuis no fundo foi feito propositalmente para criar uma certa penumbra na Capela, que inspirasse ao recolhimento, deixando com isto as cores do arco-íris em maior evidência. Na primeira alegria: A Anunciação, o símbolo de Nossa Senhora, os lírios brancos, são atravessados pela luz amarela vindo de cima que indica a comunicação Divina. Na segunda Alegria: A visitação, são usadas duas pombas brancas símbolos também da pureza, para indicar a visita que Nossa Senhora fez à sua prima Isabel. O arco-íris as liga na alegria de terem sido escolhidas por Deus e esse Poder Divino é simbolizado pelos raios amarelos que as iluminam diagonalmente. Na terceira Alegria: O Nascimento de Jesus, a cidadezinha à distância e o pequeno casebre mais próximo indicam Belém e a circunstância do nascimento humilde. As luzes das estrelas e o arco-íris falam da felicidade deste acontecimento. Na quarta Alegria: A Visita dos Reis Magos, é indicada pelo caminho que se insinua, como aquele percorrido até encontrar o Messias. As estrelas estão presentes novamente para guia-los ao Seu encontro. Na quinta Alegria: Jesus achado no Templo, a mão simbolizando o Mestre junto com os livros e pergaminhos, falam do acontecimento, que surpreende a Mãe pela sabedoria do Filho junto com a alegria do reencontro. Na sexta Alegria: A Ressurreição de Cristo, a ave Fênix que ressurge das cinzas, simboliza a alegria da Mãe de ver outra vez seu Filho, agora ressuscitado pelo Poder Divino. Os raios amarelos que ladeiam a ave representam esse poder. Na sétima Alegria: A Assunção, N. Senhora está representada pela rosa branca, símbolo de sua pureza. Os raios que elevam a rosa do chão sugerem sua assunção em corpo e alma ao encontro de Deus. Margarita Roman Pons.

Quem vê o triângulo com os três círculos entrelaçados acima do altar, pensa imediatamente na Santíssima Trindade. De fato é uma representação clássica dela. Mas o que mais nos inspirou para este vitral, tão harmonioso em suas formas e cores, foi uma meditação do Frei Egberto Prangenberg, OFM, sobre a família, onde ele físico este simbolismo. Nela, o franciscano partiu do Deus Trino – Pai Criador, Filho Salvador, Espírito Santo Santificador – que, em forma plural, disse a si mesmo: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança”. Assim, Deus criou o homem e a mulher, e os abençoou. Frutificai, disse ele, e multiplicai-vos. Homem e mulher, em maravilhoso conjunto (os dois círculos inferiores, enlaçados um no outro), combinados o Matrimônio. São eles os dois pólos do convívio humano. “Não se esquenta uma casa com a promessa de lenha”, diz um provérbio russo. Podemos acrescentar: Não se aquece um lar senão pela lareira, pela brasa do amor mútuo de um homem e uma mulher. O fruto deste amor pleno e penetrativo entre homem e mulher, abrangendo a alma e o corpo, o mundo psíquico e emocional, a doação total entre os dois sexos, em todas as suas dimensões, é o filho (Terceiro círculo que se entrelaça com os dois inferiores). É ele, o filho, que transforma o convívio dos pais numa convivência familiar, simbolizada nos três círculos entrelaçados. Assim, a obra da artista Margarita Roman Pons nos lembra da sacralidade da família e do diálogo entre as gerações como também do grande mistério da Santíssima Trindade, um soma da fé cristã. O fundamento do ser- cristão é, até hoje, o batismo em “nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Cada Cel celebração Eucarística, o centro da vida cristã e eclesial, começa e termina em nome de Deus Trino e Uno. Fr. Bernardo Dettling, OFM.

A história de Nossa Senhora de Guadalupe

O povo da Quase-Paróquia de Nossa Senhora de Guadalupe em Cuiabá escolheu, através de uma eleição, Nossa Senhora sob o título de Guadalupe como sua padroeira. Mas quem é Nossa Senhora de Guadalupe? A história de como surgiu esse título de Maria Santíssima nos foi contada por Antônio Valeriano na sua obra “Nican Mopohua” que significa “Aqui se conta”. Nela o autor narra as Aparições de Nossa Senhora a Juan Diego no México. Para contar a história de Nossa Senhora de Guadalupe vamos nos basear nesta obra de Valeriano que viveu no tempo das aparições.

Corria o ano de 1531. Dez anos após ter sido tomada a cidade do México pelos epanhóis. Milhares e ilustrados de inscritos sido massacrados, suas casas e seus templos incorporados sido demolidos e incendiados. Prolongavam-se como consequências da humilhação sofrida por este povo indígena, mui especialmente a obscuridade de uma religiosidade profunda enraizada mas destruída. Os derrotados choravam: “Nossos deuses foram vencidos”. As circunstâncias em que viviam estas terras de Anáhuac, conquistada com violência, reclamavam de Deus sua intervenção especial. “O senhor da cercania e da imediação” não podia deixar desorientado e abatido a quem havia sido de boa-fé da “Semente do Verbo”. É verdade que, from 1524, missionários franciscanos, chamados os Doze Apóstolos, iniciados iniciados entre os indígenas a obra da evangelização. Tentavam levar-lhes uma Boa-Nova de Jesus Cristo. Levados pela utopia de Francisco de Assis queriam fundar uma “Igreja Indiana”. Mas o resultado não correspondeu às expectativas. O povo indígena resultava em aceitar a mensagem dos missionários porque via neles representantes dos opressores epanhóis. Foi então que Deus interveio através de Maria Santíssima, que se tornou a grande evangelizadora dos mexicanos.

Maria Santíssima para realizar a sua missão serviu-se de vários mensageiros. O principal foi Juan Diego, um índio recém-convertido. Ele, com sua esposa Maria Lúcia e seu tio Juan Bernardino, estava entre os primeiros que se tinham apresentado aos franciscanos para serem batizados. Após a morte de sua esposa, foi morar com seu tio. Agraciado com as aparições de Nossa Senhora doou para seu tio sua modesta casa e pequena plantação de milho e foi morar na colina do Tapeyac junto à eternidade que ali se construiu como Nossa Senhora havia pedido. Atendendo as pessoas que o procuravam, constava sempre de novo a história das aparições e dava conselhos aos peregrinos. Viveu santamente o resto dos seus dias. Faleceu, em 1547, na idade de 74 anos. Aos três de maio de 1990, o Papa João Paulo II, na sua visita ao México, beatificou Juan Diego, tornando-o padroeiro dos povos indígenas. Também o seu tio Juan Bernardino, depois de ter sido curado milagrosamente pela Mãe de Deus, tornou-se um mensageiro da sua vontade. Outro personagem importante foi o Bispo franciscano D. Juan de Zumárraga. Ele chegou ao México em 1528 e foi um grande defensor do povo indígena. Desde a sua chegada, decidira consagrar todas aquelas terras à Virgem Imaculada de quem era devoto. Ele foi o escolhido pela Mãe de Deus para tornar realidade o seu pedido da construção de uma casa, de um templo onde Ela pudesse realizar a sua missão de Mãe e evangelizadora do povo.

Aconteceu no dia 9 de dezembro de 1531. Na época, neste dia, se celebrava no México a Solenidade da Imaculada Conceição. Era sábado, muito de madrugada. Um pobre índio de nome Juan Diego caminhava em direção da Missão Franciscana de Tlatilolco para assistir á Missão e ouvir a Palavra de Deus. Quando chegou ao lado da colina, chamada Tepeyac, já estava amanhecendo. Então começou a ouvir cantar sobre a colina o canto de muitos pássaros finos. Juan Diego se deteve a ouvir. Estava com os olhos fixos, acima da colina, em direção onde saia o sole e donde vinha o precioso canto celestial. De repente, cessou o canto e fez-se silêncio. Ouviu então que o chamavam do alto da colina com uma voz afetuosa de mãe amorosa: “Junito, Juan Dieguito”. Atreveu-se a ir para onde o chamavam. Quando chegou no alto da colina, viu uma Senhora, que ali estava de pé e o mandou aproximar-se. Chegando à sua presença, admirou-se muito por sua radiante beleza. Fez-lhe reverência e escutou sua voz, muito suave e cortês, à maneira de alguém que cativa e estima muito. A Senhora disse-lhe: “Juanito, o menorzinho de meus filhos, aonde vais?” Lê respondeu: “Minha Senhora e Menina, tenho que ir à vossa casa de México Tlatilolco, para ouvir as coisas divinas, que nos dão e ensinam nossos sacerdotes, representantes de Nosso Senhor”. Em seguida, Ela lhe falou e descobriu sua santa vontade, dizendo-lhe: “Sabe, tem por certo, filho meu o mais pequeno, que eu sou a Sempre Virgem Santa Maria, Mãe do verdadeiro Deus, pelo qual se vive, o Criador das pessoas, o Dono da cercania e da imediação, o Dono do Céu, o Dono da terra. Desejo vivamente que um templo me seja erigido aqui, onde O mostrarei, O exaltarei ao coloca-lo manifestamente: Dá-lO- ei à gente em todo meu amor pessoal, em meu olhar compassivo, em meu auxílio, em minha salvação: porque eu, em verdade, sou vossa Mãe compassiva, tua e de todos os homens que nesta terra estais em um, e das demais variadas estirpes de homens, meus amadores, os que a mim clamam, os que me buscam, os que confiam em mim, porque ali escutarei o seu pranto, a sua tristeza, para remediar, para curar todas suas diferentes penas, suas misérias, suas dores. E para realizar o que pretende meu compassivo olhar misericordioso, vai ao palácio do Bispo do México, e lhe dirás que eu te envio, para que lhe descubras como muito desejo que aqui me providencie uma casa, me erija na planura um templo. Tudo lhe contarás, quanto tens visto e admirado, e o que tens ouvido. Tem por certo que eu te serei muito agradecida e te pagarei, porque te farei feliz e merecerás muito que eu recompense o trabalho e canseira com que vais procurar o que te encomendo. Olha que já ouviste o meu mandado, meu filho mais pequenino; vai e empenha todo o teu esforço”. Juan Diego, inclinando-se diante dela, disse: “Minha Senhora, eu já vou cumprir o teu mandado; agora, despeço-me de ti, eu, humilde servo teu”.

Logo desceu a cumprir o recado. Dirigiu-se ao caminho que vai ter diretamente à cidade do México. Entrando na cidade, foi direto ao palácio do Bispo, que era o recém-chegado prelado que se chamava Frei Juan de Zumárraga, religioso de S. Francisco. Apenas chegou, tratou de vê-lo, rogou a seu criador que o fossem anunciar. Passado um longo tempo, vieram a chama-lo pois o Bispo mandou que entrasse. Logo que entrou, ajoelhou-se. Em seguida, deu-lhe o recado da senhora do Céu e lhe disse tudo o que admirou, o que viu, o que ouviu. Mas o Bispo pareceu não lhe dar crédito e lhe disse: “Meu filho, virás outra vez, e ouvir-te- ei com mais calma. Considerarei tudo muito desde o início e pensarei na vontade e desejo com que vieste”. Juan Diego saiu e foi embora triste porque de nenhuma maneira se realizou sua Segunda Aparição de Nossa Senhora Juan Diego, no mesmo dia 9, retornou à sua casa. Veio até o cume da colina e encontrou a Senhora do Céu. Ela o esperava ali mesmo, onde a viu pela primeira vez. Vendo-a, prostrou-se lançou-se por terra e lhe disse: “Senhora, a menorzinha de minhas filhas, minha Menina, eu fui aonde me mandaste a cumprir o teu mandado. Embora com dificuldade, entrei onde mora o prelado. Vi-o e expus tua mensagem, assim como me instruíste. Recebeu-me benignamente e ouviu-me com atenção, mas, quando me respondeu, pareceu não me dar crédito; disse-me: ‘Virás outra vez; ouvir-te- ei com mais calma; considerarei muito desde o início o desejo e vontade com que viste’. Compreendi perfeitamente na maneira como se respondeu, que pensa que seja quiçá invenção minha que tu queres que te façam aqui um templo e que porventura não é por ordem tua por isto eu te suplico encarecidamente, minha senhora e menina, que encarregues de levar a tua mensagem a algum dos principais, conhecidos, respeitos e estimado, para que o creiam; porque eu sou um homem de nada, sou um fiapo, sou uma escadinha de tábuas, sou cauda, sou folha, sou gentinha, e tu, minha menina, a menorzinha de minhas filhas, senhora, me envias a lugar onde nunca ando e nunca paro. Perdoa-me se te causou grande pesar e caio em teu desagrado, senhora e dona minha”. A santíssima virgem lhe respondeu: “ouve, meu filho menorzinho, deves compreender que há muitos servos meus e mensageiros a quem posso encarregar de levar minha mensagem e fazer minha vontade; mas é de todo necessário que tu mesmo solicites e ajudes e que, com tua mediação, se cumpra a minha vontade. Muito te rogo, filho meu menorzinho, e com rigor te mando, que vás outra vez amanhã ver o Bispo. Dá-lhe parte em meu nome e faz-lhe saber minha vontade por inteiro: que por execução o tempo que lhe peço. E diz-lhe mais uma vez que eu em pessoa, a Sempre Virgem Maria, Mãe de Deus, te envio”. Juan Diego respondeu: “Minha Senhora e Menina, não te seja eu causa de aflição; de muito boa vontade irei cumprir teu mandado; de forma alguma deixarei de faze-lo, nem me é penoso o caminho. Irei cumprir tua vontade; mas pode ser que eu não seja ouvido com agrado; ou, se for ouvido, quiçá não me crerão. Amanhã de tarde, quando o sol se puser, virei prestar contas de tua mensagem com a resposta do prelado. Já me despeço de ti, minha filha mais pequenina, minha Menina e Senhora. Descansa até lá”. Logo partiu para casa.

No dia seguinte, 10 de dezembro, domingo, muito de madrugada, Juan Diego saiu de casa e foi direto para Tlatelolco para aprender as coisas divinas e estar presente à chamada. Depois, pelas dez horas, dirigiu-se ao palácio do Bispo. Lá chegando, fez todo esforço para vê-lo e teve muita dificuldade em consegui-lo. Mais uma vez expôs o mandado da Senhora do Céu, de que lhe erigisse um templo onde manifestou que o queria. Mas o Bispo lhe perguntou muitas coisas, onde a vira e como era. Juan Diego contou tudo inteiramente: como era a sua figura, tudo o que havia visto e admirado e que tudo revelava ser ela a Sempre Virgem, Mãe Santíssima do Salvador Nosso Senhor Jesus Cristo. Apesar de tudo isso, ainda assim, o Bispo não lhe deu crédito. Disse-lhe que não seria somente por suas palavras e sua mensagem que ele iria fazer o que lhe era pedido. Que era necessário um sinal dela para que ele o enviado da Senhora do Céu. Quando Juan Diego ouviu isto, disse ao Bispo: “senhor, vê qual há de ser o sinal que pedes, que logo irei pedi-lo à Senhora do Céu que me enviou aqui”. Vendo o Bispo que afirmava com convicção e que em nada duvidava nem se alterava inteiramente, despediu-o. mandou imediatamente a algumas pessoas de sua casa, das quais podia ficar-se, que o fossem seguindo e vigiando bem para onde ia, e com quem se avistava e falava. Juan Diego rumou direto à estrada. E os que seguiam, o perderam de vista perto da ponte do Tepeyac. Embora o procurassem, não o viram mais em parte nenhuma. Então voltaram e relataram tudo ao Bispo, insinuando-lhe que não acreditasse nele.

Entretanto, Juan Diego estava com a Santíssima Virgem, dizendo-lhe a resposta que trazia do Bispo. A Senhora, depois de o ouvir, disse-lhe: “Está bem, filhinho meu, voltarás aqui amanhã para que leves ao Bispo o sinal que te pediu. Com isso te acreditará e acerca disto já não duvidará nem de ti suspeitará. E sabe, filinho meu, que eu te recompensarei por teu cuidado, teu trabalho e canseiras despendidas em meu favor. Bem, vai-te agora. Eu te espero aqui amanhã.

No dia seguinte, 11 de dezembro, segunda-feira, quando Juan Diego desviar um sinal para ser acreditado, já não voltou. Porque, ao chegar em casa, achou o tio, chamado Juan Bernardino, acometido duma enfermidade e em estado muito grave. Primeiro, foi chamar um médico e lhe deu assistência. Mas já era demasiado tarde e seu estado era desesperador. Ao cair a noite, o tio rogou que, de madrugada, saísse e fosse a Tlatelolco a chamar um padre, para confessa-lo e prepar-lo, pois estava certo de que chegara sua hora derradeira, e que não conseguira levantar-se nem ficar bom.

Na terça-feira, dia 12 de dezembro, muito de madrugada, Juan Diego partiu de sua casa para chamar o padre em Tlatelolco. Ao aproximar-se do caminho que vai dar à encosta da colina de Tapeyac, da parte em que o sol se põe, disse: “Se me vou direto pelo caminho, não vá acontecer que me veja esta Senhora e seguro, como antes, me deterá para que lhe leve o sinal ao Bispo como me mandou. Que primeiro nos deixe nossa tribulação, que antes eu chame depressa o padre. Meu tio não faz mais que aguarda-lo”. Em seguida, deu a volta à colina, subiu pela mediação e daí, atravessou até a parte oriental, foi saindo para ir rápido e chegar ao México, para que não o detivesse a Rainha do Céu. Dando a volta por ali, talvez julgasse não ser visto por aquela que vê perfeitamente por toda a parte. Ele a viu descer do topo da colina e quedar-se a olhar na direção do lugar onde anteriormente se havia encontrado. Ela aproximou-se dele e lhe disse: “Que se passa, o mais pequeno dos meus filhos? Aonde vais, aonde te diriges?” Ele inclinou-se diante dela, e saudou-a dizendo: “Menina minha, a mais terna de minhas filhas, Senhora, oxalá estejas satisfeita. Como amanheceste? Estás bem de saúde, Senhora e Menina minha? Com pena angustiarei teu semblante, teu coração: faço-te saber, Menina minha, que está bem doente um servidor teu, meu tio. Uma grande enfermidade se assentou nele, seguramente logo vai morrer dela. E agora irei depressa à tua casa do México, chamar algum dos sacerdotes amados de Nosso Senhor, para que vá confessá-lo e prepará-lo. Porque na realidade para tal nascemos, os que viemos esperar o trabalho de nossa morte. Mas, se vou levá-lo a efeito, logo aqui outra vez voltarei para ir levar o teu recado. Senhora e Menina minha, desculpe-me, tem paciência; não te engano, Filha minha menorzinha. Amanhã sem falta voltarei com toda a pressa”. Tendo escutado a faïa de Juan Diego, a Virgem piedosíssima respondeu: “Escuta-me e compreende bem, meu filhinho, que o que te assusta e aflige não é nada; não se perturbe o teu coração; não temas esta doença, nem outra doença e angústia. Não estou eu aqui, que sou tua Mãe? Não estás sob minha sombra? Não sou eu a tua saúde? Não te encontras felizmente no meu regaço? Que coisa mais precisas? Não te aflija nem te perturbe coisa alguma; não te aflija essa doença do teu tio, que cicia não morrerá agora: fica certo de que já está curado”. (E logo naquele mesmo momento curou o seu tio, como depois se soube) Quando Juan Diego ouviu estas palavras da Senhora do Céu, sentiu-se muito consolado. Estava contente. Rogou-lhe que o despachasse logo a ver o Bispo e levar-lhe algum sinal ou prova, a fim de que nele acre ditasse. A Senhora do Céu logo o mandou que subisse ao cimo da colina, lá onde a vira anteriormente. Disse-lhe: “Sobe, filho meu menorzinho, ao cume da colhia; lá onde me viste e te dei ordens. Ali verás que há variadas flores. Corta-as, reúne-as, coloca-as todas juntas. Depois desce aqui. Traze-as aqui, à minha presença”. Juan subiu a colina. Quando chegou ao cimo, muito admirou quantas havia florescidas, abertas suas corolas, flores as mais variadas, belas e formosas, quando ainda não era seu tempo, porque, de fato, naquela estação fazia-se mais forte o gelo. Estavam perfumadíssimas e cobertas de orvalho da noite, que semelhavam pérolas preciosas. Pôs-se logo a cortá-las; juntou-as todas e as colocou no regaço.

Imediatamente desceu e trouxe à Senhora do Céu as diferentes flores que tinha ido cortar. Ela, logo que as viu, tomou-as nas mãos e tomou a ajeitar-lhas no regaço, dizendo: “Filho meu menorzinho, estas diversas flores são a prova, o sinal que levarás ao Bispo. De minha parte lhe dirás que veja nelas meu desejo, e que por isso realize meu querer, minha vontade. Tu és o meu mensageiro, em ti se deposita absolutamente a confiança. E muito te mando com rigor que somente a sós na presença do Bjspo estendas o manto e a ele descubras o que estás levando. E lhe contarás tudo direitinho, lhe dirás que te mandei que subisses ao cimo da colina a cortar flores, e cada coisa que viste e admiraste, para que possas convencer o Bispo, para que logo ponha o que está de sua parte para que se faça, se levante, meu templo que pedi”. Depois que a Senhora do Céu deu suas instri.ições, Juan Diego foi direto ao México.

Toda paróquia precisa de um padroeiro. Resolveu-se que o próprio povo, através de uma eleição, escolhida o padroeiro da quase-paróquia. Foram obtidos dez candidatos “. Depois que Dom Bonifácio Piccinini aprovou os nomes, foi marcado o dia da eleição. Um bom paroquiano na hora da eleição pediu um esclarecimento: “Frei, na célula tem três vezes o nome de“ Nossa Senhora ”. Me diga qual das três faz mais milagres ”. Tudo esclarecido, realizou-se uma eleição. Por fim, saiu vitoriosa na eleição “Nossa Senhora de Guadalupe”, a Mãe Morena ”da América Latina.

Ao chegar ao palácio do Bispo, vieram ao seu encontro o porteiro e demais servidores do Bispo. Pediu-lhes que dissessem a ele que desejava vê-lo. Mas eles não lhe ligaram. Teve que esperar longo tempo. Por fim, tiveram pena dele e vendo que trazia algo, se acercaram dele para ver o que trazia. Vendo que trazia flores quiseram pegá-las, mas não conseguiram porque ao tentar pegá-las, já não viam as flores, pelo contrário, elas pareciam pintadas ou estampadas ou costuradas no manto. Foram logo dizer ao Bispo o que tinham Visto, e que o “i-ndito”, que tantas vezes viera, pretendia vê-lo e que já fazia nuhito tempo que estava ali aguardando a licença para vê-lo. Ao ouvir isto, o Bispo deu em conta de que aquilo era a prova para convencê-lo, para pôr em obra o que solicitava o “indito”. Imediatamente ordenou que fosse introduzido. Logo que entrou, prostrou-se diante do Bispo, como fizera dantes, e de novo contou o que tinha visto e admirado, e também a mensagem que trazia. Disse: “Senhor, fiz o que me ordenaste, que fosse dizer à Minha Patroa, a Senhora do Céu, Santa Maria, excelsa Mãe de Deus, que pedias um sinal para poder crer em mim, que hás de construir um templo onde ela quer que o ergas; além disto, eu lhe disse que te havia dado minha palavra de trazer-te algum sinal e prova, que havias exigido, de sua vontade. Ela condescendeu com teu recado e acolheu benignamente o que pedes, algum sinal e prova para que se cumpra a vontade dela. Hoje muito cedo me mandou que viesse outra vez a ver-te; pedi-lhe o sinal para que me creias, conforme me disse que daria; e no mesmo instante o cumpriu; mandou-me ao cume da colina, onde antes eu a vira, a que fosse cortar diversas flores”. Juan Diego continuou contando como subiu a colina e cortou as flores e depois as apresentou à Senhora do Céu que as ajeitou no seu manto e lhe disse que devia entregá-las ao Bispo para que visse nelas o sinal que ele pedia e cumprisse a vontade dela.

Depois que Juan Diego contara tudo o que acontecera, abriu o manto e as flores se esparramaram no chão. Ao mesmo tempo, desenhou-se no manto e apareceu subitamente a belissima imagem da sempre Virgem Santa Maria, Mãe de Deus, pelo modo que está e se guarda hoje no seu templo do Tepeyac, que se chama Guadalupe. Logo que o Bispo a viu, ele e todos os que ali estavam ajoelharam-se: muito a admiraram; ergueram-se para vê-la; compungiram-se e afligiram-se, mostranclo que a contemplavam com o coração e a mente. O Bispo, com lágrimas de tristeza, orou e pediu-lhe perdão por não ter posto em execução sua vontade e mandamento. Quando se pôs de pé, desatou do pescoço de Juan Diego, onde estava preso, o manto em que se desenhou e apareceu a Senhora do Céu. Levou-o logo e foi depositá-lo em seu oratório.

Pensou-se em fazer a sede da quase-paróquia na capela S. Francisco das Chagas, mas se viu que distava apenas 1200 metros da igreja e Nossa Senhora Mãe dos Homens. Escolheu-se, então, a capela do Despraiado porque ficava na periferia e a cidade estava se desenvolvendo mais para aquela parte e nos Bairros do Ribeirão da Ponte, Ribeirão do Lipa e Santa Marta. Nos anos de 1960, chegaram os primeiros moradores ao vale do Despraiado e construíram seus barracos ao longo do córrego onde havia, naquele tempo, água cristalina. Prevendo um aglomerado de gente, o vigário de Nossa Senhora da Boa Morte, Frei Frederico Mies, OFM, construiu aí uma capela-escola, onde, em 1968, denomin as aulas, dadas por uma professora paga pelos frades.Em 1971, o prédio foi alugado ao Estado que acrescentou ainda um prédio pré-fabricado com três salas, em que funcionava uma Escola Estadual. Com download em 1985, toda a construção foi devolvida à paróquia. A antiga capela-escola foi transformada na residência dos fredes, com um escritório paroquial e quatro quartos para hóspedes. A casa pré-fabricada transformou-se na Matriz provisória.

Juan Diego ficou mais um dia na casa do Bispo. No dia seguinte, 13 de dezembro, o Bispo lhe disse: “Anda, vamos para que mostres onde é a vontade da Senhora do Céu para que lhe erijam seu templo”.
Ao chegar, viram o tio müito satisfeito, sem que nada o molestasse. Pasmou grandemente de ver o sobrinho chegar acompanhado e tão honrado, perguntando-lhe a causa de assim procederem e lhe fazerem tanta honra. Aio sobrinho contou tudo o que aconteceu. O tio então confirmou o que o sobrinho contou e que também ele A vira. A Senhora também lhe dissera que, quando ele fosse ver o Bispo, lhe revelasse o que vira e de que maneira milagrosa o havia sarado: e que convinha chamá-la, como de fato devia ser chamada sua bendita imagem, a Sempre Virgem Santa Maria de Guadalupe.
Levaram logo Juan Bernardino à presença do Bispo; para que viesse informá-lo e testemunhar diante dele. O tio e o sobrinho ficaram ainda alguns dias na casa do Bispo. Enquanto isso se levantava uma ermida no lugar onde a Senhora do Céu pediu. Quando ficou pronta, a sua imagem foi levada para lá.
A cidade inteira se comoveu: vinha ver e admirar sua• devota imagem, e fazer-lhe oração. Muito se maravilhava de que houvesse aparecido por milagre divino; porque nenhuma pessoa deste mundo pintou sua esplêndida imagem.

A História de Nossa Senhora de Guadalupe é bela, como nenhum conto poderia ser, inventado por mente humana. É uma história maternal: Maria se nos mostra aí como é: delicada, solícita, sóbria e cheia de senso de humor. “Não estou eu aqui?” Não aqui, em determinado lugar, mas em todos os cantos da terra onde há um homem, uma mulher a amar e a socorrer ela ali está. É a palavra tranqüilizante da mãe junto do seu filho. Para que preocupar-nos? No meio das nossas inquietações, dúvidas, tristezas, desesperos, solidões, perplexidades, decepções ou alegrias ela continua aqui. Fala com seu filho, obtém-nos a luz e a força do Espírito, ajuda-nos a aceitar e a integrar-nos no plano divino, único, especial, privilegiado, para cada um de nós.

A Sempre Virgem Santa Maria de Guadalupe pediu uma casa, um templo em sua honra no novo mundo. Qual seria seu intento? Nossa Mãe Santissirna desejava dar aos povos indígenas a certeza de que ela era sua Mãe; e, corno Mãe, devia ser tratada côm o respeito e a honra devidas a que era também Mãe de Deus. Desejava que eles se tornassem cristãos. Desejava que se voltassem para o único Deus verdadeiro, seu Divino Filho. De fato, a “leitura” da Imagem sagrada moveu tribos inteiras de todo o México, conduzidas por seus chefes e mentores, a abraçarem a fé. Segundo a tradição, em sete anos nada menos que 8 milhões se converteram à fé católica. Para eles, a imagem foi toda uma revelação, uma “evangelização” em doses altas, urna verdadeira “Boa Notícia”. Nela encontraram sensibilizados numerosos conceitos de sua tradição secular e encontraram encarnadas muitas de suas esperanças religiosas. O sol, a lua, o céu e as estrelas, simbolos de seus deuses, estão agora a serviço da Mãe do verdadeiro e único Deus por quem se vive. O que não conseguiram os missionários franciscanos, conseguiu a Santa Maria de Guadalupe que assim se tornou a primeira Evangelizadora da Ainérica. Mas, a Santa Virgem Maria de Guadalupe não queria ser a Mãe compassiva só do povo mexicano senão de todos os povos da América. Ela pediu uma casa, um templo em Tepeyac, mas o povo de todos os países da América Latina atenderam ao seu pedido e construíram igrejas. e templos em sua honra em toda parte. Cada país a tem por paciroeira sob título diferente mas é a mesma Mãe compassiva que evangeliza os pobres e humildes. Assim, até hoje, ela continua sendo a Estrela da Evangelização e a esperança de todos os povos da América. Com razão, Pio X, em 1910, proclamou a Virgem de Guadalupe como “Padroeira Celeste” de toda a América Latina. Por isso, é importante qúe repassemos a mensagem da Senhora cio Céu em suas palavras e em suas atitudes como no-la transmitiu o “Nican Mopohua” de Antônio Valeriano.

Antônio Valeriano conseguiu, num estilo simples e compreensível para os seus compatriotas indígenas, comunicar a mensagem que a Santa Virgem Maria transmitiu a Juan Diego. A própria narração, usando imagens bíblicas e símbolos indígenas, tornou-se como que um Evangelho para o povo mexicano. Vejamos as principais mensagens que, ainda hoje, Nossa Senhora de Guadalupe nos dá.

A primeira coisa que a Santíssima Virgem faz é identificar-se, íizencio a revelação de si mesma. Ao apresentar-se a Juan Diego, o faz com o título tradicional com que a Igreja confessa a sua fé na Perpétua Virgindade de Maria que aceitou voluntariamente e, em forma definitiva, as renúncias e exigências que pediu a sua vocação, ao que o Senhor correspondeu mantendo milagrosamente sua integridade corporal como sinal de sua entrega. Em suas palavras “Santa Maria” também manifesta os dons e privilégios com que Deus a cumulou desde sua Conceição Imaculada, assim como a resposta que eta deu na conservação da graça recebida e na prática das virtudes.

Assim se nos descobre a raiz de todos os privilégios de M(ria: Ser Mãe de Jesus Cristo, Filho de Deus. Embora na narração Valeriana se mencione só uma vez o nome de Jesus Cristo, a descrição que a Guadalupana faz de Deus, evidentemente, está se referindo a seu Filho. Ele é Aquele “por quem se vive, o Criador das Pessoas, o Dono da cercania e da imediação, o Dono do céu, o Dono da terra”. Eram expressões usadas pelos indígenas em relação a seus deuses. Referindo toda esta riqueza de atributos divinos a um só verdadeiro Deus, a Virgem ensina a seus novos filhos a fé no único Deus a quem se deve toda adoração e toda a honra.

A Virgem Maria é Mãe de Cristo e dos cristãos ao haver cooperado com seu amor a que nascessem na Igreja os fiéis, membros de Cristo. Mas sua Maternidade espiritual não é exclusiva para os cristãos: Maria é Mãe de todos os homens na ordem da graça, porque concebendo a Crísto e servindo com Ele e sob Ele ao mistério da redenção, coopera singularmente na restauração da vida sobrenatural dos homens: “Sou vossa Mãe compassiva, tua e de todos os homens que nesta terra estais em um, e das demais variadas estirpes de homens, meus amadores, os que a mim clamam, os que me buscam, os que confiam em mim”.

Ela pede uma casa, um templo não para ela, senão para aproximar-nos à Virgem e receber dela mesma Cristo: “Donde O mostrarei, O exaltarei ao colocá-l’O manifestamente”. Ela é Mãe de Deus, mas é criatura, e tem em primeiro lugar deveres a cumprir com Ele: dá-l’O a conhecer, glorificá-l’O, manifestá-l’O, entregáP0 às gentes. A tarefa primordial da Virgem Maria será dar a conhecer a Deus, manifestar o que é Deus. Mas para isso se valerá de um método original, a saber: O dará a conhecer e ensinará como é Ele, at’ravés da cálida expressão de seu amor de Mãe, de seu olhar misericordioso e de seus cuidados maternais. A Virgem Maria quer uma casa, um lugar de encontro familiar, mas não para Ela senão para Deus e para nós. Claramente o disse. Quer ocupar-se aí em dar a conhecer o verdadeiro Deus e em escutar os prantos e dar remédio às necessidades de seus filhos. Neste templo quer cumprira sua missão maternal: “Ali escutarei o seu pranto, a sua tristeza, para remediar, para curar todas as suas diferentes penas, suas misérias, suas dores”.

Maria comunica sua mensagem ajuan Diego tomando em conta seu modo de ser e de pensar, suas palavras e símbolos, e lhe fala em sua mentalidade e linguagem: “Verdadeiro Deus por quem se vive.., o Dono da cerca- fia e da imediação”. O cantar sobre a colina de muitos pássaros finos e as variadas flores, que Juan Diego, obediente, sobe a cortar são também algo que lhe falam: a Flor e o Canto eram simbolos náuhatl do certo e verdadeiro.

“Escolhe o humilde”

Quando Maria chama ao índio “Juanito, o menorzinho dos meus filhos”, a Virgem nos lança um desafio: Ela se inclina pelo mais pobre, pelo mais desvalido, necessitado e marginalizado; por aquele que está tão humilhado que pensa que não serve para nada, que é “escadinha de tábuas… cauda… gentinha”, ao escolher Maria a um simples “camponês”, isto é, um simples homem do povo, segue o proceder de Cristo que escolhe ao pobre e humilde para realizar seus planos.

“Suscita a confiança e promove a superação”

A Juan Diego o faz útil e indispensável na comunidade para que esforçando-se e vendo o que com ajuda do céu pode conseguir, se descobre como pessoa, adquire a confiança e a segurança em si, conduzindo-o a um esforço de superação e a ser o artífice do seu próprio destino: “E de todo necessário que tu mesmo solicites e ajudes e que, portua mediação, se cumpra a minha vontade”. A mensagem anunciada há 460 anos segue iluminando e impulsionando ao povo de hoje.

 

Párocos

que passaram em nossa paróquia

Frei Bernado Dettiling - OFM

1º Pároco (1986 - 1993 )

Frei Donato Sehn - OFM

2º Pároco (1994 - 2002 )

Frei Damião dos Santos- OFM

3º Pároco (2002 - 2005 )

Frei Aluísio Alves- OFM

4º Pároco (2006 - 2007)

Frei Nelson Bernardes - OFM

Administrador Paroquial (2007 - 2008)

Frei Erivan Messias - OFM

6º Pároco(2009 - 2011)

Frei André Luis - OFM

Administrador Paroquial (2011)

Frei Moacyr Malaquias - OFM

7º Pároco (2012 - 2017)

Frei José Sérgio - OFM

8º Pároco (2018)